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O que é moeda social?


A gente já falou por aqui sobre o que é um banco comunitário e como ele revoluciona a relação da população com a renda, principalmente em nosso primeiro episódio da websérie MandandoVer disponível no Instagram. Mas hoje vamos conversar sobre uma outra característica da economia circular, como forma de tecnologia social, que vem mudando o bairro do Vergel do Lago.



A moeda social é o meio que viabiliza a prática da economia solidária e circular, edificando estruturas próprias do território e trazendo melhorias para a população. De modo complementar à moeda oficial (no caso o Real), o dinheiro social carrega características próprias da comunidade, como no caso Sururote que tem o nome em homenagem ao molusco natural das costas alagoanas, e que transformou o local graças a sua procura na culinária regional, que tornou-se em 2014 em uma iguaria a nível Patrimônio Imaterial de Alagoas.


Moeda Social Sururote / Créditos: Marcos da Cruz

Além disso, imagens de garça, pescador, marisqueira e o próprio sururu estampam as cédulas que circulam por todo o bairro do Vergel do Lago. Em outras palavras, o processo de produção, distribuição e funcionamento é determinado pela população que vai usar a moeda.





Qual o objetivo de desenvolver uma moeda social?


Existem vários prós por trás de promover um banco e uma moeda social e é um tipo de projeto que vem ganhando cada vez mais visibilidade. O Banco Central do Brasil (BACEN) começou a dar mais atenção a partir de 2010 a esse movimento, admitindo a importância para a diminuição da desigualdade e desenvolvimento de comunidades de baixa renda.


Veja algumas características principais:

  • É lastreada e paritária ao real (1 moeda social corresponde a R$ 1);

  • Permite o câmbio, ou seja, o comerciante que recebe moeda social pode trocá-la por reais, quando desejar;

  • Tem circulação restrita a um determinado território: distrito, bairro ou município;

  • A riqueza gerada por sua circulação é reinvestida no território sem acumulação privada.


Para Lisania Pereira, fundadora do Banco Social Laguna, o principal objetivo por trás da criação no Vergel do Lago foi o “fortalecimento da economia no território, mantendo a riqueza produzida circulando no bairro”. O bairro em questão, que se situa na costa da capital alagoana e é banhado pela gigante Laguna Mundaú, tem forte fragilidade econômica havendo uma renda média das famílias por volta de R$ 748,00 e uma renda per capita de R$ 324,00. Sendo parte dessa renda, 83%, unicamente para itens de sobrevivência.


Lisania Pereira / Créditos: João Mendonça


Apesar disso, existe um montante milionário que quando gerado era exportado, junto com a mão de obra, para bairros adjacentes e mais desenvolvidos economicamente de Maceió. Resumindo: há um espaço - um limbo - que faz com que exista uma manutenção da pobreza e fragilidade econômica no bairro – em conjunto com outros fatores.


Dessa forma, a riqueza oriunda da própria população alimenta a economia circular, que também conta com objetivos que casam com a causa do nosso Banco Laguna, como o melhor uso de recursos naturais por meio de modelos sustentáveis de negócios, além de adotar a lógica da reciclagem, reutilização e renovação.



A economia circular busca também diminuir a dependência da população local para com alguma matéria-prima específica, como é o caso do Vergel com o sururu. O marisco basicamente deu origem econômica a essas localidades ribeirinhas da Mundaú, porém associar o desenvolvimento unicamente a ele não se mostra uma estratégia eficiente ou inteligente. E isso é mais claro ainda na situação atual, onde há uma escassez desse mexilhão ocasionada por fatores puramente naturais.


Na prática

Como falado antes, a moeda criada para dentro do território carrega significados e aspectos culturais da sua população. Na coleção de imagens abaixo, pode ser visto as características visuais da moeda social Sururote. A Presidente do Mandaver explica que foram feitas oficinas com as marisqueiras e membros da comunidade, e nessa ocasião elas escolheram as cores e as figuras que mais as representam dentro da comunidade.


Hoje o principal uso da moeda está vinculado à alimentação e vestuário. Dessa forma, há diversidade de comércios vinculados como gás/água, limpeza e consertos, mas os usuários fazem aplicação maior em mercearias e lojinhas de moda. Essa economia circular que movimenta alguns milhares mensalmente está em constante avanço, como a recém chegada da primeira barbearia dentro do programa.


Atualmente o banco se encontra no caminho para expansão de novos comércios e transações dentro do território. Além disso, há o foco de estimular novos empreendedores a surgir, e com nosso apoio, eles possam iniciar a escala de ascensão socioeconômica. Esse cenário otimista só é possível graças a dois pilares importantes: a adesão da população para com o conceito e uso da moeda, como também os esforços em busca de qualificar e fomentar o empreendedorismo local.



Para quem busca iniciar um banco comunitário e instalar uma moeda social dentro de um território, é preciso fazer uma análise mais a fundo das características locais, com bases econômicas e sociais. Esses números coletados e estudados serão de extrema importância para de fato saber se é possível e viável fundar esse tipo de tecnologia na comunidade. Após isso, o mais recomendado é ir em busca de um especialista para maiores orientações.

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